Millennials sem filhos podem impactar PIB dos EUA em até 4%

A decisão de não ter filhos tem se tornado cada vez mais comum entre os millennials, e essa escolha pode ter consequências econômicas significativas. O aumento do número de casais DINK (Double Income, No Kids – Dupla Renda, Sem Filhos) levanta preocupações sobre o futuro do mercado de trabalho e dos sistemas de previdência, além de um possível impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.

3/24/2025

Declínio na Taxa de Natalidade e seus Impactos Econômicos

Nas últimas décadas, a taxa de natalidade nos EUA caiu drasticamente. Na década de 1960, eram cerca de 24 nascimentos por 1.000 habitantes, número que caiu para 11 em 2022, segundo dados do Federal Reserve de St. Louis. Combinada ao aumento da expectativa de vida, essa tendência levanta desafios estruturais para a economia.

A professora Melinda Mills, especialista em demografia da Universidade de Oxford, explica que o envelhecimento da população pode levar a problemas no mercado de trabalho, impactando setores como saúde, habitação e previdência. Já o economista global do HSBC, James Pomeroy, estima que a queda na natalidade pode reduzir o PIB em até 4% nas próximas décadas.

O Fenômeno DINK e a Escolha por um Estilo de Vida sem Filhos

Os casais millennials têm diversos motivos para optar por não ter filhos. Entre as principais razões, destacam-se:

  • Custo de vida elevado: Moradia, creche e educação são cada vez mais inacessíveis.

  • Carreira profissional: Muitos preferem focar no crescimento profissional sem as responsabilidades da parentalidade.

  • Preocupações ambientais: Questões como mudanças climáticas fazem parte das decisões de muitos jovens.

  • Incertezas econômicas: Inflação, instabilidade no mercado de trabalho e medo de crises financeiras influenciam a escolha de adiar ou evitar a paternidade.

Segundo uma pesquisa do Pew Research Center, realizada em julho de 2024, 38% dos entrevistados disseram que não querem filhos por preocupações com o estado do mundo, enquanto 36% afirmaram não ter condições financeiras para criar um filho.

Desafios para a Força de Trabalho e Previdência

A queda no número de jovens pode gerar uma escassez de trabalhadores nos próximos anos. Alguns setores já sentem essa realidade. No Reino Unido, por exemplo, 33% dos trabalhadores migrantes em 2022 estavam no setor de saúde, preenchendo lacunas deixadas pela população local.

Além disso, a falta de renovação geracional levanta questões sobre a sustentabilidade dos sistemas previdenciários. Governos podem ser forçados a aumentar a idade de aposentadoria ou oferecer incentivos para estimular a natalidade.

O economista James Pomeroy alerta que a escassez de trabalhadores terá impactos diretos na vida cotidiana. “Serviços básicos, como cortar o cabelo, fazer as unhas ou operar equipamentos médicos, podem se tornar mais difíceis de encontrar.”

Conclusão: Um Novo Cenário Demográfico e Econômico

Com menos jovens entrando no mercado de trabalho e mais idosos dependendo da previdência, as economias precisarão se adaptar a essa nova realidade. Estratégias como estímulo à imigração, incentivos financeiros para famílias e novas políticas trabalhistas podem ser necessárias para equilibrar os impactos dessa mudança demográfica.

Se essa tendência persistir, os governos precisarão encontrar maneiras de manter a economia funcionando sem depender exclusivamente do crescimento populacional. Afinal, o futuro do mercado de trabalho e dos sistemas previdenciários está diretamente ligado às decisões individuais de milhões de pessoas ao redor do mundo.