EUA elevam tarifa sobre produtos chineses para 145% e aumentam pressão sobre varejistas como Shein e Temu
Medida anunciada pela Casa Branca impacta diretamente o comércio global e provoca forte queda nos mercados; tarifa sobre pacotes de baixo valor também sobe novamente
FINANCIASNOTICIAS
4/10/20253 min ler
Os Estados Unidos elevaram significativamente as tarifas sobre produtos importados da China, levando a taxa total para 145%. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (10) por um porta-voz da Casa Branca à emissora CNBC, esclarecendo dúvidas deixadas após uma semana de comunicações confusas por parte do governo Trump.
A nova taxa engloba os 125% mencionados anteriormente pelo ex-presidente Donald Trump — em resposta à retaliação tarifária de 84% aplicada por Pequim — somados aos 20% já em vigor desde o início do ano, como parte das sanções relacionadas à crise do fentanil. Segundo o governo, o objetivo é reforçar a “reciprocidade” nas relações comerciais com a China, especialmente diante do que Trump chama de práticas desleais de concorrência.
Mercados reagem com forte queda
A confirmação da tarifa total fez os principais índices de Wall Street despencarem nesta tarde. Por volta das 13h (horário de Brasília), o Dow Jones caía 3,85%, o S&P 500 recuava 4,59% e o Nasdaq acumulava perdas de 5,38%. No Brasil, o Ibovespa acompanhava o movimento e também operava em baixa, pressionado pela aversão ao risco global e pela queda no preço do petróleo.
Apesar de Trump ter anunciado uma pausa de 90 dias nas chamadas "tarifas recíprocas", a alíquota global de 10% sobre produtos de mais de 180 países foi mantida, o que significa que o Brasil segue afetado pelas medidas já em vigor. No caso da China, porém, o aumento para 145% entrou em vigor com “efeito imediato”, segundo o ex-presidente.
Além das tarifas sobre produtos em geral, a ordem executiva assinada por Trump também mira diretamente as plataformas de e-commerce chinesas, como Shein e Temu. A partir de 2 de maio, remessas de baixo valor — até US$ 800 — serão taxadas em 120%, no terceiro aumento consecutivo das chamadas tarifas de minimis em apenas oito dias.
Essa mudança representa um duro golpe ao modelo de negócios dessas empresas, que vinham se beneficiando da isenção tarifária para pacotes pequenos. Até recentemente, essas remessas entravam nos EUA sem qualquer tributação, permitindo preços ultracompetitivos.
Além do aumento percentual, um custo fixo por pacote foi estabelecido:
US$ 100 por remessa a partir de 2 de maio
US$ 200 por remessa a partir de 1º de junho
As transportadoras poderão escolher entre pagar a alíquota percentual ou a tarifa fixa, mas a escolha só poderá ser alterada uma vez por mês — uma tentativa clara de restringir manobras para burlar o novo regime.
Análise: Trump mira desacoplamento econômico da China
Para analistas, o endurecimento da política tarifária dos EUA não é apenas uma resposta pontual à retaliação chinesa, mas parte de uma estratégia mais ampla de desacoplamento econômico. A medida fortalece a visão de que Washington busca reduzir sua dependência das cadeias de suprimentos chinesas, pressionando empresas americanas a repatriarem sua produção ou buscarem alternativas na Ásia e América Latina.
O aumento tarifário sobre pacotes pequenos também é interpretado como uma tentativa de enfraquecer o domínio crescente de plataformas chinesas no varejo americano, especialmente entre consumidores jovens.
Impacto no consumidor e na inflação
O efeito colateral dessa nova rodada de tarifas será sentido diretamente no bolso dos consumidores americanos. Com os custos de importação disparando, é esperado um aumento nos preços de roupas, eletrônicos e outros itens populares vendidos por plataformas como Shein, o que pode alimentar a inflação — um fator sensível em ano eleitoral.
E-commerce chinês também sofre novo golpe: tarifa de pacotes sobe para 120%
Com tarifas em níveis recordes e retaliações em curso, os riscos de uma nova escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China voltam a preocupar o mercado global. O cenário é especialmente delicado para países emergentes como o Brasil, que podem sentir os efeitos indiretos desse confronto por meio de volatilidade nos mercados e desaceleração do comércio internacional.
Conclusão: Cresce o risco de um novo ciclo de guerra comercial
Finanças
Informações financeiras atualizadas e análises especializadas.
Análises
contato.financehorizon@gmail.com
© 2025. All rights reserved.
