Bolsas Globais Despencam e Nasdaq Entra em Bear Market em Meio à Guerra Tarifária
Tensões comerciais entre EUA e China abalam os mercados globais
MERCADOMERCADOS
4/4/20253 min ler


As bolsas de valores em todo o mundo enfrentaram quedas expressivas após a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O cenário de tensão, provocado por novas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump e a retaliação chinesa, gerou uma onda de pessimismo nos mercados e fez com que o índice Nasdaq 100 entrasse oficialmente em "bear market", ou seja, acumulando perdas superiores a 20% em relação ao seu pico recente.
A queda não se limitou às bolsas americanas. O S&P 500 recuou mais de 4% em um dos seus piores desempenhos desde 2020, enquanto os mercados europeus também entraram em rota de correção. O índice VIX, conhecido como o “termômetro do medo” de Wall Street, disparou e chegou a tocar 45 pontos, refletindo o alto nível de incerteza entre investidores.
Com os temores de uma desaceleração econômica global, os investidores buscaram ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro americano. O rendimento do título de 10 anos caiu para 3,93%, o menor nível desde outubro, evidenciando a migração de capital para ativos menos arriscados. O petróleo, por sua vez, desabou para sua mínima em quatro anos, pressionado pela perspectiva de menor demanda global.
Impactos no mercado de títulos e commodities
Emprego resiliente, mas o foco é a política comercial
Apesar do cenário adverso, os dados econômicos dos EUA indicam um mercado de trabalho ainda robusto. O relatório de emprego de março mostrou crescimento acima das expectativas, embora a taxa de desemprego tenha subido levemente. Ainda assim, como apontou Jim Baird, da Plante Moran Financial Advisors, “os investidores estão mais preocupados com a rapidez e o impacto das mudanças nas políticas comerciais do que com dados do mês passado”.
A China respondeu às tarifas de Trump com medidas duras: impôs novas taxas sobre todas as importações americanas e implementou restrições à exportação de terras raras, um recurso estratégico crucial para diversas indústrias.
Com os mercados em turbulência, todas as atenções se voltam agora para o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que pode oferecer sinais sobre os próximos passos da política monetária. A expectativa é de cautela, com analistas divididos sobre o rumo das taxas de juros. Enquanto o UBS Global Wealth Management projeta maior flexibilização monetária ainda este ano, o Morgan Stanley já não espera cortes, citando riscos inflacionários.
Além disso, alguns gestores de fundos estão adotando posições mais defensivas e rotacionando suas carteiras, enquanto outros veem oportunidades na queda. Ed Yardeni, por exemplo, acredita que o momento pode ser propício para compras, após o pior desempenho diário desde a pandemia de Covid-19.
Reação dos investidores e projeções para o Fed
Incertezas aumentam e investidores recuam
Nomes como Michael Hartnett, do Bank of America, aconselham “vender ativos de risco até que Trump mude sua abordagem”, citando a necessidade de estímulos como corte de impostos e desregulamentações para restaurar a confiança. Já Nouriel Roubini, em evento recente na Itália, alertou que a correção do mercado ainda pode se aprofundar antes de uma estabilização.
O S&P 500 caminha para registrar perdas em seis das últimas sete semanas. Dados da EPFR Global indicam a retirada de US$ 4,7 bilhões de ações americanas por fundos de investimento apenas na última semana.
As gigantes de tecnologia, como Nvidia, Tesla e Apple, lideraram as quedas, acompanhadas por empresas chinesas listadas nos EUA, como Alibaba e Baidu. O setor bancário também foi afetado, com Morgan Stanley, Goldman Sachs e Citigroup recuando mais de 6%, levando o índice do setor ao menor patamar desde agosto do ano passado.
Tecnologia e grandes bancos sofrem perdas acentuadas
Conclusão: mercado em alerta com possíveis consequências duradouras
A escalada da guerra comercial entre EUA e China reascende o temor de uma recessão global e reforça o ambiente de aversão ao risco. Com incertezas sobre a política econômica de Trump e os impactos das tarifas, os investidores adotam uma postura mais cautelosa.
Nos próximos dias, as declarações do Federal Reserve e novos desdobramentos nas negociações comerciais serão determinantes para o rumo dos mercados. Até lá, a volatilidade deve permanecer elevada e a recomendação dominante é de prudência.
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